Vendas de motos vão encerrar 2023 com o melhor resultado dos últimos 10 anos

11 minutos de leitura

Autor Marcelo Cavalcante de lima

e-mail consultores.cavalcante@gmai.com

O setor duas rodas projeta encerrar 2023 com seu melhor resultado dos últimos 10 anos, devendo fechar exercício com vendas acima de 1.590.000, esse volume representa um crescimento de 16,73% em relação ao ano anterior e um avanço de 47,56% na comparação com o período pré pandemia.

A participação no acumulado do segmento de motos fechou novembro com 39,07% ante os 26,83% realizados em 2019, um crescimento de 45,82%. O resultado é histórico sendo a maior participação já registrada no setor.

A produção de motos deve encerrar o ano com volumes acima das 1.560.000 unidades, esse resultado representa um crescimento de 10,40% em relação ao ano anterior, destacando que será o terceiro ano consecutivo de crescimento.

O faturamento do setor em 2022 segundo a Abraciclo foi de R$26 bilhões, o crescimento do volume de vendas deve fazer o setor encerrar o ano com faturamento acima de R$30 bilhões.

As motos de baixa cilindrada (051 até 160cc) correspondeu a 80,40% do total vendido no ano de 2022, essa média de participação permanece no exercício 2023.

O bom momento do setor deve continuar em 2024, as projeções seguem otimistas com estimativa de crescimento entre 10% até 12%.

As vendas via sistema de consórcio somados as vendas à vista continuam sendo a principal forma de pagamento do setor, esse volume representa aproximadamente 62% do total vendido.

FECHAMENTO DE NOVEMBRO

O setor fechou novembro com 130.369 unidades vendidas, o resultado foi 5,26% inferior ao realizado no mês de outubro, um dia útil a menos e os reflexos da seca na região amazônica justificam parcialmente esse resultado, na comparação com o mesmo período de 2022 o setor avançou 5,81%.

No acumulado do ano já foram vendidos até novembro 1.448.761 unidades, representando um crescimento de 17,79% ante o ano de 2022 e um avanço de 47,31% quando comparado com o período pré pandemia.

A Honda fechou novembro com vendas acumuladas de 1.044.972 unidades, sua participação é de 71,92%, a marca é líder absoluta a mais de 50 anos, mas perdeu participação quando comparada com o período pré pandemia, a queda é de 7 pontos percentuais, que foram apropriados por outras marcas. Suas vendas totais crescem 11,34% em relação ao ano anterior e avançam 34% na comparação com o período pré pandemia.

A Yamaha fechou novembro com queda de 25,75%, a marca teve paralisações pontuais por conta das dificuldades impostas pelo período de seca na região, o que pode justificar a queda acima da média do mês, no geral a japonesa vai bem, suas vendas acumuladas crescem 35% em relação ao ano e avançam 95% em relação ao período pré pandemia, sua participação de mercado em 2019 era de 14% e deve fechar o ano acima de 18,50%.

A eletrificada Voltz fechou o mês de novembro com apenas 15 unidades emplacadas, suas vendas acumulas despencam 59% em relação ao ano anterior, a startup de motos elétricas acumula dívidas e reclamações, ficamos na torcida para que a empresa encontre soluções para realinhar suas estratégias.

A Mottu que tem como foco principal a locação de motos, estando na quarta posição no acumulado do ano com 26.398 unidades, fechou o mês de novembro com apenas 160 emplacamentos, seu pior resultado do exercício, até julho sua média de emplacamentos era de 3.378 unidades e nos últimos 4 meses foi de 687. A marca fez uma recente captação de US$50 milhões para novos investimentos e expansões, aparentemente a queda é reflexo de um processo de reestruturação, mas vamos acompanhar.

Em um mercado com forte crescimento a Harley-Davidson está registrando queda de 6,37% em comparação com o ano anterior e um recuo de 67,59% quando comparado com o período pré pandemia.

VENDAS POR ESTADOS

A venda de motos vai muito bem em todas as regiões do Brasil, no acumulado de novembro as vendas de motos superaram as vendas de automóveis em 16 Estados da Federação, em 2019 apenas 5 Estados vendiam mais motos que autos e leves.

O crescimento na participação de motos é parcialmente justificado pelo aumento nas entregas por delivery, economia de combustível, perda de poder aquisitivo e a migração do setor 4 rodas, destacando que temos uma indústria solidificada no setor, que está produzindo no Brasil desde o ano de 1976.

AUTOS X MOTOS

No comparativo acima podemos analisar os Estados e seus volumes de vendas de autos e motos, comparação suas vendas com os anos de 2022 e 2019.

O Estado de São Paulo é líder com 285.669 unidades emplacadas, as vendas de motos registraram no Estado um crescimento de 6,47% em relação ao ano anterior e crescem 35,40% quando comparado com o período pré pandemia.

Mais adiante vamos detalhar por regiões e elencar as cidades que mais vendem motos no Brasil.

VENDAS POR REGIÕES

Região Sudeste

A região sudeste tem uma participação nas vendas de motos de 37,59%, sendo:

  • São Paulo, participação nacional de vendas de motos 19,72%, volume total até novembro, 285.669, ocupa a 1ª posição em vendas, registra um crescimento de 35,40% em relação ao período pré pandemia. As vendas de motos tem uma participação na mobilidade do Estado de 33%, automóveis e leves 59,07%.
  • Rio de Janeiro, participação nacional de vendas de motos é de 7,93%, volume total até novembro 114.820, ocupa a 2ª posição em vendas Brasil, em 2019 ocupava a 5ª posição, registra um crescimento de 122% em relação ao período pré pandemia. As vendas de motos tem uma participação na mobilidade dos cariocas de 53,86%, sendo o único Estado da região sudeste onde o segmento duas rodas registra mais vendas que o 4 rodas, a participação de automóveis e leves é de 39,55%.
  • Minas Gerais tem uma participação nacional de 7,72%, volume acumulado 111.886, ocupa a 3.ª posição em vendas, suas vendas crescem 31,92% em relação a 2019. As vendas de motos estão participando mobilidade com 18,63% e autos e leves 75,97%.
  • Espírito Santo, participação nacional 2,23%, acumulado 32.280, posição 16.º. Participação de motos na mobilidade 42,39%, automóveis e comerciais leves 48,09%.

Região Nordeste

Na região nordeste todos os Estados registram vendas de motos superiores a vendas de automóveis e comercias leves, a participação da região na venda de motos é 30,98%, acumulando 448.786 unidades, destaque para Bahia com 97.114 motos emplacadas e Pernambuco com 84.479.

REGIÃO NORTE

A região norte tem 188.064 (12,98%) motos vendidas até o mês de novembro contra apenas 91.603 automóveis, enquanto a venda de motos registra um crescimento na região de 22% em relação ao ano de 2019 a venda de automóveis cresce apenas 1,56%.

O Amazonas saltou de 18.317 motos vendidas até novembro de 2019 para 44.435 até novembro de 2023, um crescimento de 142,59%.

REGIÃO CENTRO-OESTE

A região Centro-Oeste tem uma participação nas vendas de motos de 9,71%, o total acumulado na região e de 140.618 motos, o Mato Grosso é o único Estado da região que registra vendas de motos superiores as vendas de automóveis.

Região Sul

A região Sul tem uma participação nas vendas nacionais de 8,74%, suas vendas acumuladas são de 126.637 unidades, suas vendas estão registrando um crescimento em relação ao ano de 2022 de 6% e avançam 21,77% quando comparado com o período pré pandemia. Nenhum Estado da região Sul registra vendas de motos maiores que automóveis.

RANKING DE CIDADES QUE MAIS VENDEM MOTOS

SEGURANÇA

O aumento nas vendas de motos, principalmente os destinados aos entregadores, acabam provocando um crescimento no número de acidentes, mortes no trânsito e afastamentos por acidentes de trabalho.

Segundo dados do Ministério Público do Trabalho, em 2022 foram relatados 24.642 acidentes de trabalho envolvendo motociclistas, destacando que os dados não incluem os que trabalham na informalidade.

Mais de 1,5 milhões de pessoas utilizam motos para serviços de entrega em todo o Brasil, esse número cresceu na pandemia em função do aumento de entregas delivery e obviamente a crise econômica.

Precisamos investir em campanhas de educação de trânsito, precisamos aprimorar os equipamentos de segurança, o Inmetro precisa urgente rever seus testes de aprovação de capacetes, outros equipamentos como botas, luvas, jaquetas precisam de testes e regulamentação.

As operadoras de entregas também necessitam aprimorar seus processos, calcular tempo x velocidade é algo muito simples nos dias atuais.

A isenção de impostos para equipamentos de segurança estava em fase de projeto, mas segue parada, destacando que é necessário inclusive isentar de imposto de importação principalmente para capacetes.

Espero que tenham gostado do conteúdo, desejo a todos um excelente final de ano e pilote com segurança.

Mais de vinte anos lidando com clientes, orientando negócios de maneira honesta e confiável, garantido sólidos relacionamentos comerciais. Especialista no desenvolvimento de equipes comerciais, financeiras e administrativas. Pós Graduado em Team Management pela FGV e em Recursos Humanos.

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